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eu já contei pra vcs pq q eu parei de acreditar q existe "verdade"?

acho q não. foi uma vez q eu tretei com uma professora da faculdade.

nos foi pedido um trabalho pra criar artisticamente alguma coisa relacionada a cultura popular. aí eu e meu comparsa fizemos um judas, pra malhar.

eu não gostava dessa matéria pq essa professora vivia obrigando a gente a fazer uns artesanatos, e eu não curto. aí eu achei legal a gente fazer um Judas. massa demais. até aí tudo bem.

toda matéria a gente tinha 2 professores sempre. e o outro professor eu AMAVA. eu comecei a pintar por causa dele. Adrian q ele chamava. de brincadeira qdo ele foi acompanhar o q a gente tava fazendo a gente de zuera falou q ia fazer o Judas dele. ele morreu de rir. fomos lá apresentar o projeto. e o judas tinha uma plaquinha escrito "professor".

@lorimeyers mas a verdade continua existindo, vc acreditando nela ou não :anitta:

@poodle a sua existe. isso q é a idéia do Kant. :P

@lorimeyers Kant tá errado. Serase tô me achando? rs

Eu vou ler esse livro aí eventualmente, parece difícil aliás. Mas, a princípio, discordo dele.

@poodle esse livro é bom. resumindo muito resumidamente ele argumenta q a razão passa por um filtro sempre (o filtro é vc mesmo).

Pudão :antifa:

@lorimeyers Mas, falando sério agora... Essa ideia filosófica de que não existe verdade é a raiz da maioria dos problemas que nós temos hoje com extrema direita de circo, internet sem freios, capitalismo destruindo o planeta e irracionalismo. Eu acho que é importante retomarmos a ideia de que existe realidade objetiva, racionalidade e verdade. Mas sou ignorante e preciso estudar mto mais de qualquer forma...

@poodle mas o problema da sua proposta Pudão É Q NÃO EXISTE.

o fato fatoso é q não tem. existem acordos e consensos. mas estes dependem de objetivos. se a gente não tem um objetivo comum a todos nós não tem como.

@lorimeyers Tem como um terraplanista fazer um experimento e provar que a terra é plana? Não tem. O contrário tem. Então existe verdade. Ou, no mínimo, existem coisas mais próximas da verdade do que outras. Se vc concordar com isso eu já fico feliz hihihi

@poodle então. qual q é o problema dessa idéia pra mim. eles partem exatamente desse princípio. tipo a história das fotos.

"qdo eu tiro uma foto do horizonte ele é plano"

entende? pra eles isso é uma "evidência". e realmente o formato da terra é uma coisa contra-intuitiva (tanto q levou um tempão pro pessoal desenvolver maneiras de provar através de experimentos q ela não era plana). igual falar q a terra gira em torno do sol e não o contrário. era contra-intuitivo. e os poderes ameaçavam quem questionasse isso com violência.

então nós temos essa convenção chamada "ciência", mas nem ela surge no éter. ela é uma instituição européia, o berço dela era religioso, e muita gente questiona essa "organização do conhecimento" pq ela não inclui outros conhecimentos q são igualmente importantes (tipo as tradições orais dos povos originários, por exemplo).

então, de acordo com a ciência, a terra não é plana. mas a ciência é um acordo. uma convenção. sustentada por instituições estabelecidas.

por isso qdo eu fui provar q não existia "verdade" eu recorri às teorias do conhecimento.

pq fazer experimentos duplicáveis é um dos métodos pelos quais a gente pode obter conhecimento, mas ele não é completo e definitivo. ele é um no conjunto de métodos q a gente usa hoje em dia.

@lorimeyers @poodle
Parar no crítica da razão pura pode levar a irracionalismo, que não era nem de longe a intenção do Kant. Entender que a objetividade é uma impossibilidade, não quer dizer que o conhecimento é também impossível, o conhecimento é uma relação entre estruturas racionais e o mundo (fenômeno). Ele divide o conhecimento objetivo-empírico, que é quando a estrutura racional concorda com o mundo objetivo (chuva molha, sol esquenta), do conhecimento transcendental, que é aquele que trata da possibilidade de conhecimento ou da epistemologia. E depois ainda vai trabalhar tudo isso na crítica da razão prática, fundamentando uma ética baseada em universalismo ou imperativo categórico ("Age de tal modo que a máxima da tua ação possa ser erigida em lei universal").

@lorimeyers @poodle
O próprio a priori do conhecimento (tempo, espaço, etc) são verdades em si e condições do conhecimento.
Mas ele é sobretudo um iluminista, e acredita que os indivíduos, se capacitados a compreender os mecanismos do conhecimento, podem sair da sua menoridade e atingir a razão.
Do contrário, pegando apenas o fragmento da relação consciência/objeto kantiana, o resultado acaba sendo um pós-modernismo (pós-iluminismo) irracionalista que alimentou os fascismos antes e alimenta agora.
Abre espaço ético pra versão mais canalha da questão do Aliocha dos Irmãos Karamazovi: "se Deus não existe, então tudo é permitido". Se a verdade não existe, só existe o poder e eu posso construir a minha verdade, que é tão eficiente como qualquer outra, que me favoreça

@lorimeyers @poodle
A dialética Hegeliana vai deixar isso mais interessante por que vai além do indivíduo e trata o conhecimento como fruto do espírito humano, coletivo, e não individual, e supera a dualidade sujeito objeto do Kant, por que os dois operam na mesma estrutura da realidade, pelos mesmos mecanismos, portanto o conhecer o mundo é uma epistemologia e a epistemologia é um conhecimento do mundo que se dá na historicidade do processo dialético do conceito. A contradição aqui não é um erro, mas o motor do conhecimento, o aperfeiçoamento conceitual, por que o real é racional.

@lorimeyers @poodle
E a dialética materialista vai superar a identidade razão objeto (idealismo transcendental, conhecer as ideias é conhecer o mundo) estabelecendo que o conhecimento são respostas humanas aos desafios materiais presentes, a realidade deixa de ser produto do espírito e passa a ser a práxis, a objetividade passa a ser a relação humana com a realidade, que encontra limitações materiais e transforma essa realidade objetivamente. Vai separar o conhecimento (inscrito na história, processual e dialético) da verdade. A "verdade" dominante em uma sociedade (religião, moral, filosofia) é frequentemente uma ideologia – uma falsa consciência, um reflexo invertido das relações materiais, que justifica uma relação de poder.

@lorimeyers @poodle
Sendo assim oposto ao conhecimento da práxis, por ser uma explicação conservadora de uma dada realidade material. Assim a alienação material acaba sendo também uma alienação epistemológica.
O que você toma como verdade impossível, aqui seria visto como véu ideológico pra impedir a práxis transformadora (os filósofos até hoje se contentaram em explicar o mundo, o que nos interessa é transformá-lo).